quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Grandes mediadoras escapam à crise e aumentam as vendas

Para vender uma casa já não chega colar o número de telefone à janela. Não é que não haja quem queira comprar, o problema é descobrir quem tem capacidade financeira para conseguir crédito. A alternativa tem sido procurar as grandes mediadoras: para elas, não há crise.



Todos os dias se ouve falar em restrições ao crédito, na dificuldade em vender casas, em falências e desemprego no imobiliário (este ano, até Setembro, faliram 75 empresas, o dobro das que fecharam na mesma altura de 2009, segundo a Crédito y Caución). Mas a crise não toca a todos. O mal de uns é o proveito de outros e a dificuldade sentida por pequenas mediadoras e famílias em, por si, venderem casas beneficia as grandes empresas, cuja estrutura lhes permite ter uma carteira maior de compradores e vendedores e dar ao cliente conselhos para aumentar a hipótese de obter crédito.
O aperto da Banca foi confirmado ao JN por várias mediadoras. Sobretudo a partir do Verão, dizem, conseguir um empréstimo para comprar casa ficou ainda mais difícil. "Pessoas que, antes, compravam casas de 300 mil euros agora só compram de 150 mil", exemplificou Paulo Morgado, administrador da Era Imobiliária.


A apetência pela compra de casa, contudo, continua, mas "as pessoas esbarram no banco", disse João Nuno Magalhães, responsável pela área residencial da CB Richard Ellis. Para o contornar, as mediadoras avaliam a capacidade financeira dos clientes. "Temos protocolos com bancos, estamos actualizados quanto às suas políticas e só lhes levamos os processos previamente qualificados", disse Ricardo Sousa, administrador da Century 21. À medida que a Banca aperta os critérios, a análise torna-se mais exigente.
"Se um cliente quer comprar uma casa é porque tem necessidade. A nós compete-nos encontrar uma casa com um preço que ele pode pagar", disse Beatriz Rubio, presidente da REMAX Portugal.
Além disso, os bancos comportam-se de maneira diferente. Globalmente, os portugueses dão menos crédito, mas a redução é mais do que compensada pelo aumento por parte dos estrangeiros, assegurou Paulo Morgado.


Descer preços para vender
Se o maior problema é conseguir empréstimos, o segundo maior é convencer quem vende a baixar o preço, afirmou Beatriz Rubio. "Sobretudo quem comprou casa quando o mercado estava a crescer, agora resiste a vender por menos dinheiro", disse.
Paulo Morgado acrescentou: "As pessoas têm de baixar o preço para vender. A boa notícia é que os preços disparatados de há anos deixaram de existir". A Banca tem avaliado os imóveis por um valor cada vez mais baixo, mas com isso está só a acompanhar a realidade do mercado, acreditam os mediadores (quanto maior for a diferença entre o valor da avaliação e o montante pedido emprestado, mais difícil será conseguir o crédito).


Mais particulares a procurar profissionais para vender casas e menos pequenas empresas a trabalhar no mercado significam mais negócio para as grandes mediadoras. Das quatro mediadoras contactadas pelo JN, as duas maiores esperam aumentar quer o número de negócios assinados quer o valor envolvido; as restantes esperam que este ano seja, na pior hipótese, semelhante a 2009. 

1 comentários:

Anónimo disse...

Estou prestes a vender a minha casa no Norte de Portugal mas querem que eu baixe 10.000 euros. Isto e' justo??

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